Sábado, 03/05. Fiz 36 anos.

E começo assim porque, aos 36, o café ainda é a linha que costura minha vida.

Meu pai partiu quando eu tinha 11 anos, mas antes disso, ele me ensinou a arte do "bate e volta": estradas poeirentas para o interior, praias vazias, festas das frutas (uva, morango, bergamota...sabe aquelas de cidade pequena?). E em toda viagem, uma parada obrigatória: o posto de gasolina certo. Ele tinha sido caminhoneiro na juventude e sabia exatamente qual posto servia o café que valia a pena.

Eu o observava. O copo americano (na época, nem sabia o nome) cheio até a borda, o vapor subindo enquanto ele soprava devagar. Anos depois, esse ritual virou o primeiro produto da Loja Coffea. Um copo americano — só que nosso. Porque algumas memórias não cabem no peito: elas precisam virar objeto.

copo americano loja coffea

O café na minha casa era sinônimo de vida. Éramos sete pessoas sob o mesmo teto, e o cheiro do café fresco significava que alguém estava ali, pronto para sentar à mesa. Às vezes com leite, às vezes puro, mas sempre com história.

Por isso, café pra mim nunca foi só bebida. É o posto na estrada, o último café que servi pro meu pai, a viagem em que descobri o único café produzido por uma mulher em Minas, as madrugadas solitárias testando blends... É ontem, é daqui a 36 anos, é até o último gole.

Fazer produtos é isso: é tirar do baú das memórias aquilo que nos define, é juntar afeto e significado e transformar em algo que cabe na mão — ou numa xícara.

Não dá pra falar da Loja Coffea sem falar de sensibilidade. Sem falar de cheiro que vira abraço, de copo que vira herança, de café que vira casa.

Todas as nossas canecas estão aqui!

Beijos (com um café fresquinho na mão).